quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Porque Insisto em Cristo


Aeroporto sempre é um lugar de bastante reflexão. Mesmo antes do embarque, e do voo para o devido destino, o prelúdio da bela visão que terei do céu, em razão do belo tempo adianta em mim a mesma reflexão de sempre, aquela que embala minha mente, me tira o sono, ou me dá vontade de logo dormir na esperança de que em sonho eu me veja melhor.

Olhar toda sorte de estereótipos de pessoas, rumando para os mais diversos lugares, sempre me faz refletir sobre as infinitas possibilidades do ser, o que obviamente nos remete a critica do ser que somos, ou seja, nossas opções, nossas opiniões, e por fim, dúvidas e crenças. O olhar para diversidade me faz pensar sobre porque optar por uma coisa e não outra, tendo em vista que, se diante da diversidade não posso ter certeza da verdade, ou o orgulho e pretensão do saber ontológico, porque insistir?

Diante disso, um problema que assola minha alma volta e me perturba, a saber, a justificação do meu ainda cristianismo. Essa insistência da qual não consigo me libertar, não por, por vezes, falta de vontade, mas sim uma insistência estética, quando minhas afinidades balançam no ritmo do belo que me move e envolve, duvidas e vontades. Porque insisto na fé em Cristo, se descrente da verdade dessa vez é a dúvida que me coloca diante dele? Tentarei, agora, justificar minha insistente fé, e o significado da mesma.

Minha fé em Jesus não é fruto de um anseio salvifico pessoal, mas do significado poético da salvação de todos que vivem, já viveram e viverão. Da manifestação viva do belo e da humanização do divino, para que o humano pare com a mania de querer divinizar-se e se humanize também. Jesus é a concretude da solução tomada em virtude da fragilidade da criação, contingente e desventurada.

Minha fé em Jesus nada tem a ver com a espera das soluções ou de explicações para as terríveis ameaças da vida do sofrimento ou do caos, mas sim a esperança de que ele simples e unicamente sofre e caminha conosco, mesmo que eu não o saiba, não espere, não creia, não queira.

Minha fé em Jesus nada tem a ver com certeza, com verdade, ou com a desesperada necessidade de limpar a alma e me livrar do inferno, mas sim com valores que me inspiram e me dão forças para continuar caminhando. Nada tem a ver com achar um culpado pelo sofrimento humano, mas de saber que não sofremos sozinhos. Que quando uma criança tem fome, Jesus tem fome com ela, e nos inspira a alimenta-la. Quando o desempregado desesperado por alimentar sua família comete um delito, Jesus não o acusa, mas nos motiva a lutar por justiça, por igualdade, por dignidade.

Meu temor a Jesus nada tem a ver com o a condenação tão defendida pelos religiosos, como se fosse a parte mais importante de sua fé, mas está ligado à concepção que me faz ver Jesus como um conselheiro, o sábio que certamente sabe melhor que eu possibilidades de como viver, já que vivo. Jesus não é um moralista que julga cada passo que dou, mas o amigo que toda vez me estende a mão quando digo “não sei”, e mesmo “errei”, ele não me dá lição de moral, olha feio pra mim ou grita “Seu burro, assim você vai para o inferno!”, Mas olha pra mim com um leve sorriso e diz: “tente não fazer de novo”, porque ele sabe que sabemos que erramos e como nos prejudicamos por causa disso.

Minha fé em Jesus nada tem a ver com a certeza de um destino, e sim em crer que não caminho sozinho. Esta fé, de afinidade e finitude, não de respostas, de paz nem descanso, que pelo contrário, me motiva o inconformismo, a luta, a revolta contra a injustiça, contra o desumano, contra mim mesmo, me motiva, me confronta, me faz pensar sobre o humano que sou, que somos.

Jesus é uma inspiração, é o salvador poético, o belo que salvou o mundo. É a inspiração manifesta em detrimento de toda razão e verdade, em detrimento da insistente necessidade de afirmar-se. Jesus nos libertou da necessidade de ser qualquer coisa. Não precisamos nem mesmo ser cristãos. Suas verdades não estão nos caminhos, nas doutrinas, nas religiões ou nas profecias. Toda sua verdade está em uma palavra, presente em toda língua, em toda cultura, e todo ser humano saber dizer, da sua forma, mesmo que não saiba ao certo o significado, e mesmo que ninguém consiga chegar perto de sua pratica permanente e constante, a saber, o amor.

14 comentários:

  1. AMÉM , ESTÁ ÓTIMO ,DEUS O ABENÇOE E A TODOS QUANTO IRAM LER E ESPERO MESMO QUE LEIAM ,
    ALIAS LER É POUCO , MEU DESEJO É QUE TODOS REFLITAM CADA PALAVRA , CADA PARAGRAFO . AMÉM.

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  2. Acho que eu já vinha pensando um pouco assim. Acho que hoje em dia penso um pouco mais ;)

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  3. Sublime e singelo.
    Um presente inesperado de aniversário a leitura de tais palavras.

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  4. Que bom que gostou cara! então fica aí meus parabéns! kkk

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  5. Putz cara! Namoral, genial! Essa é a caminhada, continuemos caminhando, você é um cara que me inspira! Continue com sua enorme sinceridade! "Oxalá" se existissem mais pessoas sinceras e idiotas (como diria o camarada Dostoievski) como você! hahaha Abraço bro.

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    1. Se tratando do "veveski" como chamo carinhosamente, ser chamado de idiota é um elogio! kkk valeu cara!

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  6. Marlito, gostei do texto. :)
    Bom saber que vc continua e continuará indagando-se. Ele se manisfesta sempre.
    bj.

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  7. Lindíssimo.

    Seja inspirado cada vez mais!

    Abraços,
    Monique

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  8. Jesus, o Conselheiro. Jesus o que orienta e o que Ama incondicionalmente... :) Uma vez que o conhecemos, é impossível desistirmos de prosseguirmos sem Ele ao lado.

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